Quando se fala de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, primeiramente, o ser humano comete dois principais erros : primeiramente pensamos em aeronaves de grande porte (os Jatos Comerciais) e a seguir lembramos dos "Teco-Tecos" (Aviação Geral) desconsiderando todos os outros meios de sermos conduzidos pela atmosfera como Balões Tripulados, Dirigíveis, Asas Delta e demais atividades.
Oficialmente se define Acidentes Aeronáuticos dentro da Aviação Geral e Comercial, porém em toda e qualquer atividade aérea devemos nos preocupar e promover de todas as formas a única atividade que pode evitar um acidente..... a Prevenção de Acidentes.
O segundo erro.... bem, este é muito mais simples.... acreditamos fielmente que isto não ocorre conosco.
Pode-se dizer que o ideal de prevenção de acidentes tem a sua origem na mitologia grega uma vez que essa preocupação se manifestou na recomendação dada à Ícaro por seu pai, Dédalo, para que não voasse muito alto pois o Sol derreteria a cera de suas asas, soltando suas penas, conforme a narrativa assim aconteceu.
O primeiro acidente aéreo registrado no Brasil ocorreu com o balão tripulado pelo Tenente Juventino, em 20 de maio de 1908 cuja investigação apontou a falha da válvula de controle como tendo sido a causa de sua ocorrência, não considerando nada mais além disso como contribuição daquela ocorrência.
Com a criação da aeronáutica militar, na década de 20, as atividades de segurança de vôo foram organizadas sendo voltadas, inicialmente, mais para a investigação do que para a prevenção de acidentes. E, atualmente, Toda investigação sempre é voltada para a prevenção.
Os fundamentos da prevenção de acidentes
A prevenção de acidentes, como uma atividade baseada em diversos segmentos da ciência, fundamenta-se em conceitos e técnicas desenvolvidos desde há muito mas que vem evoluindo de acordo com a própria inovação tecnológica.
Para que o desenvolvimento da prevenção de acidentes seja coroado de êxito, é preciso, antes de tudo, haver a consciência de que Os gastos nessa área traduzem investimento e não custo pois o retomo sempre haverá, a partir de todas áreas de envolvimento com o vôo. Dessa forma, quando tudo parecer normal, não significa que não é mais necessária a busca dos objetivos almejados pela prevenção de acidentes, mas sim, que é necessário perseverar nessa busca incessante uma vez que a tendência a partir daí e a instalação de um processo de complacência, ou seja, um relaxamento nas precauções e na preocupação com as medidas de segurança. Por isso, cada vez mais se torna necessária a execução de tarefas que venham a realimentar esse processo, mantendo sempre alto o nível de entendimento das razões de formação da cadeia de eventos que direcionam a atividade para a ocorrência de um acidente.
É aí que os aspectos da motivação, educação, treinamento e da supervisão se revelam de extrema importância para a garantia de que os acidentes não voltarão a ocorrer. A deterioração da capacidade de resposta do homem frente às situações de perigo e a conseqüência mais grave decorrente de um estado de alerta relaxado.
Essas considerações traduzem a conceituação básica da PREVENÇÃO DE ACIDENTES na aviação e devem ser consideradas como fundamentais para o seu desenvolvimento. A prevenção de acidentes é o conjunto de atividades destinadas a impedir a ocorrência de eventos desastrosos, evitando, assim, custos adicionais desnecessários na operação através'da preservação dos recursos materiais e humanos.
Ao tratarmos de prevenção de acidentes, não nos reportamos somente ao homem ou mesmo a aeronave mas, de uma maneira global, ao ser humano que opera essa máquina, a aeronave que é operada por uma equipe e ao meio no qual se desenvolve essa atividade, seja o meio aéreo com suas condições atmosféricas, o ambiente da cabine de pilotagem, o meio social e familiar em que vive esse homem e, também, o meio em que trabalha esse homem. Esses três elementos, definidos pelo Trinômio HOMEM - MEIO - MÁQUINA, constituem a base e o objeto de toda atividade de prevenção de acidentes e, envolvendo pelo menos dois deles, o acidente ocorre, a menos que uma análise baseada no seu conhecimento seja levada a efeito para, a partir daí, ser estabelecido e posto em prática um conjunto de medidas destinadas a eliminar as fontes de risco existentes na atividade.
Em um cenário empresarial, os programas de prevenção de acidentes estão associados ao conceito mais amplo de controle de qualidade, devendo ser considerado como um agente de crescimento econômico.
Sendo assim, o lucro não pode ser tratado em detrimento da Segurança de Vôo mas também não pode ser gerido em função da Segurança de Vôo. sob pena de inviabilizar as próprias operações, surgindo, daí, a necessidade da interação entre cada setor de atividade uma vez que somente assim será estabelecida a harmonia necessária para um perfeito entendimento das partes quanto aos anseios e necessidades.
É verdade que algum gasto Inicial deve ser realizado mas conseqüentemente são eliminados custos desnecessários e mais receita é gerada pois acresce qualidade aos serviços oferecidos, havendo segmentos do mercado dispostos a pagar por isso. Um eficaz trabalho de marketing paga os custos de um excelente programa de prevenção de acidentes. Quando o programa de prevenção de acidentes é associado à qualidade dos serviços, a cultura de segurança de vôo passa a integrar todos os setores da empresa, da alta administração às equipes de execução em todos os níveis. A associação entre segurança de vôo, a qualidade dos serviços e a rentabilidade operacional tem implicações claras e diretas nos resultados financeiros da empresa. Essas três áreas, sempre presentes no desempenho do ser humano em qualquer atividade organizacional, devem receber especial atenção.
MOTIVAÇÃOPara que as pessoas desenvolvam um interesse por qualquer atividade e necessário que sejam, de alguma forma e constantemente motivadas a isso. Isto é obtido através de Orientação e estímulos específicos pois, do contrário, dificilmente haverá uma conscientização da necessidade e da real importância que lhe deve ser atribuída.
EDUCAÇÃO E TREINAMENTOÉ muito comum encontrarmos pessoas executando determinadas tarefas sem, entretanto, conhecer o porquê de fazer da maneira como está sendo orientado e não da forma como, muitas vezes, parece até mais fácil ou rápidoIsso pode acontecer quando o treinamento não enfoca a importância da tarefa para o sucesso da atividade como um todo ou não há uma reciclagem periódica de conhecimentos básicos, permitindo que o próprio desempenho se deteriore.Não basta ministrar o treinamento técnico, mas é necessário que se eduque as pessoas a fazerem o que lhes foi ensinado da maneira como lhes foi ensinado, mostrando-lhes a razão e a importância disso.
SUPERVISAOQualquer atividade desenvolvida segundo padrões estabelecidos pode sofrer um processo de deterioração se não for constantemente submetida à avaliação quanto a sua adequabilidade uma vez que vários aspectos e circunstâncias externas podem interferir na sua efetividade, surgindo dai inadequações de procedimentos.Isso estabelece a necessidade de um processo de realimentação do processo com novas informações, seja para atualização de dados, seja para adequação de procedimentos ou alteração de sistemáticas.
Portanto, somente será realmente eficaz se o exercício de supervisa-o for praticado em todos os níveis.Desde 1938, a teoria desenvolvida por Willian Heinrich, tomando como referência a industria têxtil dos EUA, vem mostrando uma verdade que pode ser muito útil para o estabelecimento de necessidades, prioridades, padrões ou tendências no desenvolvimento de uma atividade e que tem sido largamente utilizada na aviação por varias empresas e organizações em todo o mundo.Segundo Heinrich, através de observações levadas a efeito na industria têxtil dos Estados Unidos, para cada trezentas situações de risco observadas e registradas, vinte e nove resultariam em acidentes leves e uma geraria um acidente de grandes proporções. Isso tem sido estudado e comprovado em atividades cujo universo de prova é bem vasto e os resultados encontrados apresentam uma margem de variação de, aproximadamente, 2%.
Recentemente, a National Transportation Safety Board (NTSB), nos Estados Unidos, acrescentou nova referência a esse estudo que estabelece o numero de seiscentas ocorrências realmente observadas para cada trezentas registradas conforme Heinrich havia anunciado. A causa dessa variação é que, pelo menos metade das ocorrências observada não é reportada aos órgãos e setores responsáveis pela administração do risco em uma organização.Assim, o universo de acidentes tecnicamente analisados apresenta-se como a ponta de um "iceberg" que assusta, devido à sua dimensão e imponência, mas, também, esconde um potencial de tragédia muito maior sob a superfície da águaAbaixo se apresenta a descrição gráfica desse conceito tão verdadeiro para a realidade da aviação.
Diante da profundidade desses princípios e conceitos. toma-se clara a importância e a necessidade da especialização em prevenção de acidentes pois, somente através de uma mentalidade voltada e consciente dos aspectos envolvidos e que será possível o desenvolvimento de ações efetivas e produtivas nessa área.É falso o pressuposto de que apenas a obediência incondicional às regras e normas estabelecidas tanto na área técnica como na de prevenção de acidentes seja suficiente para impedir a ocorrência de um acidente. O que somente será obtido quando houver uma vontade global em tomo desse objetivo.
Não se pode quantificar os benefícios de qualquer ação de prevenção de acidentes, assim como a economia resultante de um acidente que não ocorreu, por isso, também é difícil avaliar o investimento feito com a aplicação de um efetivo programa de prevenção de acidentes pois a verdadeira importância da segurança de vôo somente é percebida quando ela falha.Também, é difícil ensinar segurança pois o seu verdadeiro conceito é formado no interior de cada um através do conhecimento adquirido e da sua consciência frente a responsabilidade inerente a cada um.
sábado, 31 de janeiro de 2009
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