domingo, 1 de fevereiro de 2009

Filosofia de PREVENÇÃO

Filosofia de PREVENÇÃO
Para poder se deslocar no meio ambiente, o homem necessita da máquina. Tem-se aí a tríade básica da atividade aérea: o homem, o meio e a maquina.O homem pode conhecer o meio, mas não pode modificá-lo; a máquina pode ser aprimorada, seja em sua concepção, construção, manutenção ou operação, mas, para isso, será preciso a presença do homem, que e' responsável por todas essas fases; por conseguinte, depreende-se que devem ser dirigidos para o homem os esforços em busca da segurança de vôo ideal.Conscientizá-lo de sua importância, doutrinando-o adequadamente com a finalidade de motivá-lo para participar das atividades de prevenção de acidentes, deve ser o objetivo de todas as pessoas que labutam na atividade aérea como um todo.Para isso, alguns princípios e conceitos devem ser sempre observados; neles pode-se notar que a segurança de vôo e a prevenção de acidentes aeronáuticos são expressões utilizadas com a mesma conotação. Alguns dos princípios que fundamentam a ação da Prevenção são os apresentados a seguir:
"Todos os acidentes resultam de uma seqüência de eventos e nunca de uma causa isolada"
Muito raramente um acidente resulta de um único fato. Os acidentes aeronáuticos resultam, quase sempre, da combinação de vários fatores diferentes, os chamados fatores contribuintes. Cada fato, analisado isoladamente, pode parecer insignificante. Quando combinado porém com outros, pode completar uma seqüência de eventos, alcançando o ponto de inevitabilidade ou de irreversibilidade, resultando no acidente. A prevenção de acidentes atua na identificação e na eliminação de tais eventos, - riscos efetivos ou potenciais -, antes que seja atingido o ponto de irreversibilidade.
"Todo acidente tem um precedente"
Se forem comparadas as características de qualquer acidente da atualidade com as características dos acidentes conhecidos, concluir-se-á que o atual não é uma completa novidade. Nenhum acidente é totalmente original. Em similares, alguns dos fatores contribuintes serão basicamente os mesmos, em sua essência, variando apenas a nuance com que se apresentam. Logo, pode-se concluir que os mesmos acidentes ocorridos no passado estão repercutindo no presente e, seguramente, se repetirão no futuro, na medida em que a prevenção não seja eficaz.
"Todos os acidentes podem ser evitados"
Originalmente pensava-se que alguns acidentes eram inevitáveis. Mais tarde, porém, ao se estabelecer a relação entre os fatores contribuintes para determinado acidente e seus respectivos efeitos, descobriu-se que, verdadeiramente, nenhum acidente ocorre por "fatalidade". Os acidentes resultam de uma seqüência de acontecimentos que se originam sempre de deficiências atribuídas a três fatores básicos: fator humano, fator material e fator operacional.Uma vez identificados e analisa-dos todos os fatores que colaboram para a ocorrência de acidentes, pode-se constatar que existem e estão disponíveis medidas adequadas a neutralização de tais fatores. Dessa forma, pode-se concluir que, para cada ação ou omissão que possa contribuir para um acidente, há uma providência de cunho profissional, técnico ou educacional que, uma vez adotada, anulará os efeitos dessa ação ou omissão.Mesmo para os fenômenos imprevisíveis da natureza, que podem se converter em fatores contribuintes para acidentes, há medidas preventivas adequadas que, quando convenientemente adotadas, evitarão conseqüências danosas. Assim, embora alguns tipos de acidente de natureza mais complexa requeiram trabalhos de prevenção mais intensos, conclui-se que todos os acidentes podem ser evitados. Para lograr isso, basta que sejam desenvolvidas, por pessoal adequadamente qualificado, tarefas eficazes de prevenção de acidentes aeronáuticos dirigidas a dois dos três elementos abrangidos pela atividade aérea: o homem e a máquina.
"A prevenção de acidentes é uma tarefa que requer mobilização geral"
A prevenção de acidentes, por sua natureza, não produz os efeitos desejados senão sob a forma de mobilização geral. Para alcançar seus objetivos, todos, sem distinção, têm que se integrar em um esforço global e, ao mesmo tempo, conscientizar-se de que a segurança deve ser algo inerente e integrante a tudo o que fazem. Logo, a segurança deve integrar todas as tarefas desenvolvidas em aviação e ser sempre encarada do ponto de vista profissional. As menores ações do dia-a-dia devem se cercar de um grau adequado de segurança. A segurança coletiva é, sem dúvida, o somatório da individual e somente através de um programa educativo bem dirigido lograr-se-á elevar os índices de segurança individual, elevando, em decorrência, a coletiva.
"o propósito da prevenção de acidente não é restringir a atividade aérea; é, ao contrário, estimular seu desenvolvimento com segurança"
Como o objetivo da prevenção e' a manutenção da capacidade operacional, através da manutenção dos recursos vitais - pessoais e materiais - mantendo-se esta capacidade, existiriam mais equipamentos e mais pessoal capacitado para operá-las. Assim, pode-se facilmente observar que agindo-se desse modo, a atividade aérea estará sendo incrementada.A intenção da prevenção é aprimorar a operacionalidade para que voando melhor, se voe mais.
"Segurança de vôo é responsabilidade de todos"
Não existe pessoa ou função dentro da atividade aérea que não seja importante para a segurança de vôo. Todas as pessoas, por mais simples que sejam suas atribuições, devem estar conscientes de que o seu desempenho é fundamental para a prevenção de acidentes. Um erro ou omissão de alguém poderá ser um dos elos da cadeia de eventos que leva a um acidente.
"Se é verdade que nada é perfeito, também é verdade que tudo pode ser melhorado"
Esta máxima indica que deve existir sempre a preocupação em aprimorar o que se realiza e, principalmente, acreditar que isto é possível, devendo sempre se buscar a perfeição.É comum escutar pessoas ligadas à atividade aérea dizerem: "Estamos tranqüilos; há muito tempo não temos um acidente". Isto, realmente, é um motivo de orgulho, porém deve-se ter em mente que é muito mais difícil manter do que atingir determinados objetivos.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Aspectos históricos da prevenção de acidentes aeronáuticos

Quando se fala de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, primeiramente, o ser humano comete dois principais erros : primeiramente pensamos em aeronaves de grande porte (os Jatos Comerciais) e a seguir lembramos dos "Teco-Tecos" (Aviação Geral) desconsiderando todos os outros meios de sermos conduzidos pela atmosfera como Balões Tripulados, Dirigíveis, Asas Delta e demais atividades.
Oficialmente se define Acidentes Aeronáuticos dentro da Aviação Geral e Comercial, porém em toda e qualquer atividade aérea devemos nos preocupar e promover de todas as formas a única atividade que pode evitar um acidente..... a Prevenção de Acidentes.
O segundo erro.... bem, este é muito mais simples.... acreditamos fielmente que isto não ocorre conosco.
Pode-se dizer que o ideal de prevenção de acidentes tem a sua origem na mitologia grega uma vez que essa preocupação se manifestou na recomendação dada à Ícaro por seu pai, Dédalo, para que não voasse muito alto pois o Sol derreteria a cera de suas asas, soltando suas penas, conforme a narrativa assim aconteceu.
O primeiro acidente aéreo registrado no Brasil ocorreu com o balão tripulado pelo Tenente Juventino, em 20 de maio de 1908 cuja investigação apontou a falha da válvula de controle como tendo sido a causa de sua ocorrência, não considerando nada mais além disso como contribuição daquela ocorrência.
Com a criação da aeronáutica militar, na década de 20, as atividades de segurança de vôo foram organizadas sendo voltadas, inicialmente, mais para a investigação do que para a prevenção de acidentes. E, atualmente, Toda investigação sempre é voltada para a prevenção.
Os fundamentos da prevenção de acidentes
A prevenção de acidentes, como uma atividade baseada em diversos segmentos da ciência, fundamenta-se em conceitos e técnicas desenvolvidos desde há muito mas que vem evoluindo de acordo com a própria inovação tecnológica.
Para que o desenvolvimento da prevenção de acidentes seja coroado de êxito, é preciso, antes de tudo, haver a consciência de que Os gastos nessa área traduzem investimento e não custo pois o retomo sempre haverá, a partir de todas áreas de envolvimento com o vôo. Dessa forma, quando tudo parecer normal, não significa que não é mais necessária a busca dos objetivos almejados pela prevenção de acidentes, mas sim, que é necessário perseverar nessa busca incessante uma vez que a tendência a partir daí e a instalação de um processo de complacência, ou seja, um relaxamento nas precauções e na preocupação com as medidas de segurança. Por isso, cada vez mais se torna necessária a execução de tarefas que venham a realimentar esse processo, mantendo sempre alto o nível de entendimento das razões de formação da cadeia de eventos que direcionam a atividade para a ocorrência de um acidente.
É aí que os aspectos da motivação, educação, treinamento e da supervisão se revelam de extrema importância para a garantia de que os acidentes não voltarão a ocorrer. A deterioração da capacidade de resposta do homem frente às situações de perigo e a conseqüência mais grave decorrente de um estado de alerta relaxado.
Essas considerações traduzem a conceituação básica da PREVENÇÃO DE ACIDENTES na aviação e devem ser consideradas como fundamentais para o seu desenvolvimento. A prevenção de acidentes é o conjunto de atividades destinadas a impedir a ocorrência de eventos desastrosos, evitando, assim, custos adicionais desnecessários na operação através'da preservação dos recursos materiais e humanos.
Ao tratarmos de prevenção de acidentes, não nos reportamos somente ao homem ou mesmo a aeronave mas, de uma maneira global, ao ser humano que opera essa máquina, a aeronave que é operada por uma equipe e ao meio no qual se desenvolve essa atividade, seja o meio aéreo com suas condições atmosféricas, o ambiente da cabine de pilotagem, o meio social e familiar em que vive esse homem e, também, o meio em que trabalha esse homem. Esses três elementos, definidos pelo Trinômio HOMEM - MEIO - MÁQUINA, constituem a base e o objeto de toda atividade de prevenção de acidentes e, envolvendo pelo menos dois deles, o acidente ocorre, a menos que uma análise baseada no seu conhecimento seja levada a efeito para, a partir daí, ser estabelecido e posto em prática um conjunto de medidas destinadas a eliminar as fontes de risco existentes na atividade.
Em um cenário empresarial, os programas de prevenção de acidentes estão associados ao conceito mais amplo de controle de qualidade, devendo ser considerado como um agente de crescimento econômico.
Sendo assim, o lucro não pode ser tratado em detrimento da Segurança de Vôo mas também não pode ser gerido em função da Segurança de Vôo. sob pena de inviabilizar as próprias operações, surgindo, daí, a necessidade da interação entre cada setor de atividade uma vez que somente assim será estabelecida a harmonia necessária para um perfeito entendimento das partes quanto aos anseios e necessidades.
É verdade que algum gasto Inicial deve ser realizado mas conseqüentemente são eliminados custos desnecessários e mais receita é gerada pois acresce qualidade aos serviços oferecidos, havendo segmentos do mercado dispostos a pagar por isso. Um eficaz trabalho de marketing paga os custos de um excelente programa de prevenção de acidentes. Quando o programa de prevenção de acidentes é associado à qualidade dos serviços, a cultura de segurança de vôo passa a integrar todos os setores da empresa, da alta administração às equipes de execução em todos os níveis. A associação entre segurança de vôo, a qualidade dos serviços e a rentabilidade operacional tem implicações claras e diretas nos resultados financeiros da empresa. Essas três áreas, sempre presentes no desempenho do ser humano em qualquer atividade organizacional, devem receber especial atenção.
MOTIVAÇÃOPara que as pessoas desenvolvam um interesse por qualquer atividade e necessário que sejam, de alguma forma e constantemente motivadas a isso. Isto é obtido através de Orientação e estímulos específicos pois, do contrário, dificilmente haverá uma conscientização da necessidade e da real importância que lhe deve ser atribuída.
EDUCAÇÃO E TREINAMENTOÉ muito comum encontrarmos pessoas executando determinadas tarefas sem, entretanto, conhecer o porquê de fazer da maneira como está sendo orientado e não da forma como, muitas vezes, parece até mais fácil ou rápidoIsso pode acontecer quando o treinamento não enfoca a importância da tarefa para o sucesso da atividade como um todo ou não há uma reciclagem periódica de conhecimentos básicos, permitindo que o próprio desempenho se deteriore.Não basta ministrar o treinamento técnico, mas é necessário que se eduque as pessoas a fazerem o que lhes foi ensinado da maneira como lhes foi ensinado, mostrando-lhes a razão e a importância disso.
SUPERVISAOQualquer atividade desenvolvida segundo padrões estabelecidos pode sofrer um processo de deterioração se não for constantemente submetida à avaliação quanto a sua adequabilidade uma vez que vários aspectos e circunstâncias externas podem interferir na sua efetividade, surgindo dai inadequações de procedimentos.Isso estabelece a necessidade de um processo de realimentação do processo com novas informações, seja para atualização de dados, seja para adequação de procedimentos ou alteração de sistemáticas.
Portanto, somente será realmente eficaz se o exercício de supervisa-o for praticado em todos os níveis.Desde 1938, a teoria desenvolvida por Willian Heinrich, tomando como referência a industria têxtil dos EUA, vem mostrando uma verdade que pode ser muito útil para o estabelecimento de necessidades, prioridades, padrões ou tendências no desenvolvimento de uma atividade e que tem sido largamente utilizada na aviação por varias empresas e organizações em todo o mundo.Segundo Heinrich, através de observações levadas a efeito na industria têxtil dos Estados Unidos, para cada trezentas situações de risco observadas e registradas, vinte e nove resultariam em acidentes leves e uma geraria um acidente de grandes proporções. Isso tem sido estudado e comprovado em atividades cujo universo de prova é bem vasto e os resultados encontrados apresentam uma margem de variação de, aproximadamente, 2%.
Recentemente, a National Transportation Safety Board (NTSB), nos Estados Unidos, acrescentou nova referência a esse estudo que estabelece o numero de seiscentas ocorrências realmente observadas para cada trezentas registradas conforme Heinrich havia anunciado. A causa dessa variação é que, pelo menos metade das ocorrências observada não é reportada aos órgãos e setores responsáveis pela administração do risco em uma organização.Assim, o universo de acidentes tecnicamente analisados apresenta-se como a ponta de um "iceberg" que assusta, devido à sua dimensão e imponência, mas, também, esconde um potencial de tragédia muito maior sob a superfície da águaAbaixo se apresenta a descrição gráfica desse conceito tão verdadeiro para a realidade da aviação.
Diante da profundidade desses princípios e conceitos. toma-se clara a importância e a necessidade da especialização em prevenção de acidentes pois, somente através de uma mentalidade voltada e consciente dos aspectos envolvidos e que será possível o desenvolvimento de ações efetivas e produtivas nessa área.É falso o pressuposto de que apenas a obediência incondicional às regras e normas estabelecidas tanto na área técnica como na de prevenção de acidentes seja suficiente para impedir a ocorrência de um acidente. O que somente será obtido quando houver uma vontade global em tomo desse objetivo.
Não se pode quantificar os benefícios de qualquer ação de prevenção de acidentes, assim como a economia resultante de um acidente que não ocorreu, por isso, também é difícil avaliar o investimento feito com a aplicação de um efetivo programa de prevenção de acidentes pois a verdadeira importância da segurança de vôo somente é percebida quando ela falha.Também, é difícil ensinar segurança pois o seu verdadeiro conceito é formado no interior de cada um através do conhecimento adquirido e da sua consciência frente a responsabilidade inerente a cada um.

LUZES IDIOTAS

Sabe aquelas coisas que os fabricantes colocam nos automóveis em vez de manómetros, termómetros e voltímetros? Aquelas coisas que acendem uma luz vermelha quando o carro está prestes a explodir e já é quase tarde demais para fazer qualquer coisa a respeito? Bem, a seguir estão algumas luzes idiotas que podem ajudá-lo a evitar um ataque de S.P.A.: 1. Bocejar durante a decolagem. (Tédio Avançado). 2. Acenar para garotas enquanto monta a asa. (Distracção Avançada). 3. Pensar que este artigo não é tão importante, afinal de contas você já tem um "certo nível". (Auto-convicção Avançada). 4. Abreviar ou eliminar a verificação pré-voo na sua asa.(Estupidez Avançada). 5. Assumir que condições favoráveis e/ou perfeição na execução de manobras vão sempre acontecer em situações questionáveis. (Fé Avançada). 6. Tentar fazer coisas que você sabe que realmente não deveria estar fazendo, só porque você "tem" que ser capaz de faze-las, já que é um piloto "Avançado". (Auto-ilusão Avançada). 7. Esquecer porque está de pé, numa rampa de descolagem sem visibilidade nenhuma, com uma "barraca" enrolada em cima do seu carro. (Senilidade Avançada). O ponto chave é o seguinte: Quando você perceber uma destas, ou outras luzes piscando na sua cara, pelo amor de Deus, acorde e corrija a situação antes que você sofra um "acidente" como eu e muitos outros tipos. É muito perigoso achar que "já se sabe tudo" neste desporto. Isto é até mesmo potencialmente MORTAL. Basta apenas UMA distracção e caso você se permita tornar descuidado ou complacente, não importa quão bom piloto seja, você vai aumentar exponencialmente as chances de sofrer um acidente. Vocês, pilotos Iniciantes, Novatos e Intermediários, ouçam bem! Vocês NUNCA vão "saber tudo" neste desporto e se PORVENTURA acharem que sim, estarão apenas se iludindo. O Voo Livre é um desporto fantástico. O Voo Livre não é um desporto inerentemente seguro. O Voo Livre PODE TORNAR-SE SEGURO, dependendo da maneira como você se comporta no desporto. "O Seu destino está nas suas mãos." Traduzido do livro "Right Stuff" de Erik Fair 1986.

QUANDO VOCÊ PENSA QUE JÁ SABE TUDO

Neste ponto, caro amigo, é quando você se torna extremamente vulnerável à S.P.A.. Não importa quando, onde, ou quem você é. No INSTANTE em que você considerar que "já sabe tudo" ou que "tem tudo sob controle" é o instante em que você se torna descuidado na observância dos procedimentos básicos de segurança como a verificação pré-voo da asa, inspeções regulares no equipamento. Aqui está como eu, um piloto nível IV. Nos últimos seis meses eu (sim, esta é a parte das "confissões sentimentais"): 1. Deixei de fazer a verificação pré-voo da minha asa (um aluno meu estava lá, para me lembrar do assunto). 2. Tive que ser lembrado da necessidade de me engatar na asa, pouco antes do meu voo. 3. Deixei de inspeccionar uma cadeira nova que encomendei, descobrindo depois (subsequente ao meu "acidente") que uma das correias PRINCIPAIS de suporte não estava devidamente costurada. (a ligação "costurada" soltou-se no impacto. Eu já tinha voado 10 horas com esta cadeira). Vocês querem falar sobre descuidos e complacência no departamento de julgamentos? Vejam quantas evidências eu ignorei no meu "acidente". Não só isto, como também conheço outros pilotos avançados, em todo o país, que no ano passado tomaram as seguintes brilhantes decisões: 1. Conscientemente decidiu não se preocupar com a verificação de engate para o passageiro de um voo duplo, porque "estava tudo bem no voo anterior". (o passageiro ficou baixo o suficiente para interferir no controle do piloto). 2. Iniciou a corrida de descolagem durante uma "zerada" do vento num dia com vento de costas, sem sentir a asa nivelada e equilibrada, porque "Eu estava com problemas para nivelar e senti que estaria mais seguro no ar". (Full Stoll e bateu com a ponta da asa, "acidente"!). 3. Iniciou um 360 muito baixo e justificou a atitude: "Achei que haveria ascendentes (não descendentes) perto do chão, como NORMALMENTE acontece." (Bateu no chão, múltiplos arranhões no rosto, asa seriamente danificada). 4. Fechamento assimétrico num wingover em condições turbulentas, como maneira de celebrar uma aparente vitória num campeonato. (Caiu em cima da asa, abriu o paraquedas, aterrou em segurança, foi desqualificado do campeonato). 5. Fez um voo nostálgico numa asa antiga, e falhou em reconhecer a necessidade de concentração para manter o ângulo de ataque apropriado nos passos iniciais da descolagem. (Fechamento assimétrico na decolagem, bateu com a ponta da asa, voltou para a descolagem). 6. Foi "brincar na base das nuvens". (Entubou por 25 minutos, miraculosamente aterrou em segurança). 7. Etc., etc., e mais e mais absurdos. Todos perfeitos exemplos da Síndrome de Piloto Avançado. Todos resultado de descuido e/ou complacência. Todos executados por pilotos que pelos melhores padrões imagináveis são pilotos Avançados (Nível IV e V), com reputação de serem conscientes, conservadores e responsáveis. NÃO; NÃO VOU CONTAR OS NOMES DELES. Eles são maiores do que eu e possuem o ego frágil.

TEORIA DE HEINRICH (TEORIA DOS DOMINÓS)

TEORIA DE HEINRICH (TEORIA DOS DOMINÓS)

Entre os vários estudos desenvolvidos no campo da segurança do trabalho, nós encontramos a teoria de Heinrich.
O que nos diz a teoria de Heinrich?
Nos mostra que o acidente e consequentemente a lesão são causados por alguma coisa anterior, alguma coisa onde se encontra o homem. E todo acidente é sempre causado, ou seja, ele nunca acontece sozinho. E causado porque o homem não se encontra devidamente preparado e comete atos inseguros, ou então existem condições inseguras que comprometem a sua segurança, portanto, os atos inseguros e as condições inseguras constituem o fator principal na causa dos acidente.
Heinrich imaginou, partindo da personalidade, demonstrar a ocorrência de acidentes e lesões com o auxilio de cinco pedras de dominós;
1. a primeira representando a personalidade;
2. a segunda as falhas humanas, no exercício da atividade;
3. a terceira as causas de acidentes (atos e condições inseguras);
4. a quarta, o acidente
5. e a quinta, as lesões.

Personalidade: ao iniciar a atividade, o homem traz consigo um conjunto de características positivas e negativas, de qualidades e defeitos, que constituem a sua personalidade. Esta se formou através dos anos, por influência de fatores hereditários e do meio social e familiar em que o indivíduo se desenvolveu. Algumas dessas características (irresponsabilidade, irrascibilidade, temeridade, teimosia, etc.) podem se constituir em razões próximas para a prática de atos inseguros ou para a criação de condições inseguras.

Falhas humanas: devido aos traços negativos de sua personalidade, o homem seja qual for a sua posição hierárquica e experiência dentro do ambiente de atividade, pode cometer falhas, do que resultarão as causas de acidentes.

Causas de acidentes: estas englobam, como já vimos, as condições inseguras e os atos inseguros.

Acidente: sempre que existirem condições inseguras ou forem praticados atos inseguros, pode-se esperar as suas conseqüências, ou seja, a ocorrência de um acidente.

Lesões: toda vez que ocorre um acidente, corre-se o risco de que o homem venha a sofrer lesões, embora nem sempre os acidentes provoquem lesões.

Desde que não se consegue eliminar os traços negativos da personalidade, surgirão em conseqüência, falhas no comportamento do homem na atividade, de que podem resultar atos inseguros e condições inseguras, as quais poderão levar ao acidente e as lesões, quando isso ocorrer, tombando a pedra "personalidade" ela ocasionará a queda, em sucessão de todas as demais.
Considerando-se que é impraticável modificar radicalmente a personalidade de todos que participam de uma determinada atividade, de tal sorte a evitar as falhas humanas no deve-se procurar eliminar as causas de acidentes, sem que haja preocupação em modificar a personalidade de quem quer que seja, para tanto, deve-se buscar a eliminação tanto das condições inseguras, apesar da avareza, do desprezo pela vida humana ou quaisquer outros traços negativos da personalidade de administradores ou supervisores como também, deve-se procurar que as pessoas, apesar de teimosos, desobedientes, temerários, irascíveis, não pratiquem atos inseguros, o que se pode conseguir através da criação nos mesmos, da consciência de segurança, de tal sorte que a prática da segurança, em suas vidas, se transforme em um verdadeiro hábito.
Eliminadas as causas de acidentes administradores, supervisores e praticantes continuarão, cada um com a sua personalidade, de que resultarão falhas no comportamento no trabalho, mas o acidente e as lesões não terão lugar.