Filosofia de PREVENÇÃO
Para poder se deslocar no meio ambiente, o homem necessita da máquina. Tem-se aí a tríade básica da atividade aérea: o homem, o meio e a maquina.O homem pode conhecer o meio, mas não pode modificá-lo; a máquina pode ser aprimorada, seja em sua concepção, construção, manutenção ou operação, mas, para isso, será preciso a presença do homem, que e' responsável por todas essas fases; por conseguinte, depreende-se que devem ser dirigidos para o homem os esforços em busca da segurança de vôo ideal.Conscientizá-lo de sua importância, doutrinando-o adequadamente com a finalidade de motivá-lo para participar das atividades de prevenção de acidentes, deve ser o objetivo de todas as pessoas que labutam na atividade aérea como um todo.Para isso, alguns princípios e conceitos devem ser sempre observados; neles pode-se notar que a segurança de vôo e a prevenção de acidentes aeronáuticos são expressões utilizadas com a mesma conotação. Alguns dos princípios que fundamentam a ação da Prevenção são os apresentados a seguir:
"Todos os acidentes resultam de uma seqüência de eventos e nunca de uma causa isolada"
Muito raramente um acidente resulta de um único fato. Os acidentes aeronáuticos resultam, quase sempre, da combinação de vários fatores diferentes, os chamados fatores contribuintes. Cada fato, analisado isoladamente, pode parecer insignificante. Quando combinado porém com outros, pode completar uma seqüência de eventos, alcançando o ponto de inevitabilidade ou de irreversibilidade, resultando no acidente. A prevenção de acidentes atua na identificação e na eliminação de tais eventos, - riscos efetivos ou potenciais -, antes que seja atingido o ponto de irreversibilidade.
"Todo acidente tem um precedente"
Se forem comparadas as características de qualquer acidente da atualidade com as características dos acidentes conhecidos, concluir-se-á que o atual não é uma completa novidade. Nenhum acidente é totalmente original. Em similares, alguns dos fatores contribuintes serão basicamente os mesmos, em sua essência, variando apenas a nuance com que se apresentam. Logo, pode-se concluir que os mesmos acidentes ocorridos no passado estão repercutindo no presente e, seguramente, se repetirão no futuro, na medida em que a prevenção não seja eficaz.
"Todos os acidentes podem ser evitados"
Originalmente pensava-se que alguns acidentes eram inevitáveis. Mais tarde, porém, ao se estabelecer a relação entre os fatores contribuintes para determinado acidente e seus respectivos efeitos, descobriu-se que, verdadeiramente, nenhum acidente ocorre por "fatalidade". Os acidentes resultam de uma seqüência de acontecimentos que se originam sempre de deficiências atribuídas a três fatores básicos: fator humano, fator material e fator operacional.Uma vez identificados e analisa-dos todos os fatores que colaboram para a ocorrência de acidentes, pode-se constatar que existem e estão disponíveis medidas adequadas a neutralização de tais fatores. Dessa forma, pode-se concluir que, para cada ação ou omissão que possa contribuir para um acidente, há uma providência de cunho profissional, técnico ou educacional que, uma vez adotada, anulará os efeitos dessa ação ou omissão.Mesmo para os fenômenos imprevisíveis da natureza, que podem se converter em fatores contribuintes para acidentes, há medidas preventivas adequadas que, quando convenientemente adotadas, evitarão conseqüências danosas. Assim, embora alguns tipos de acidente de natureza mais complexa requeiram trabalhos de prevenção mais intensos, conclui-se que todos os acidentes podem ser evitados. Para lograr isso, basta que sejam desenvolvidas, por pessoal adequadamente qualificado, tarefas eficazes de prevenção de acidentes aeronáuticos dirigidas a dois dos três elementos abrangidos pela atividade aérea: o homem e a máquina.
"A prevenção de acidentes é uma tarefa que requer mobilização geral"
A prevenção de acidentes, por sua natureza, não produz os efeitos desejados senão sob a forma de mobilização geral. Para alcançar seus objetivos, todos, sem distinção, têm que se integrar em um esforço global e, ao mesmo tempo, conscientizar-se de que a segurança deve ser algo inerente e integrante a tudo o que fazem. Logo, a segurança deve integrar todas as tarefas desenvolvidas em aviação e ser sempre encarada do ponto de vista profissional. As menores ações do dia-a-dia devem se cercar de um grau adequado de segurança. A segurança coletiva é, sem dúvida, o somatório da individual e somente através de um programa educativo bem dirigido lograr-se-á elevar os índices de segurança individual, elevando, em decorrência, a coletiva.
"o propósito da prevenção de acidente não é restringir a atividade aérea; é, ao contrário, estimular seu desenvolvimento com segurança"
Como o objetivo da prevenção e' a manutenção da capacidade operacional, através da manutenção dos recursos vitais - pessoais e materiais - mantendo-se esta capacidade, existiriam mais equipamentos e mais pessoal capacitado para operá-las. Assim, pode-se facilmente observar que agindo-se desse modo, a atividade aérea estará sendo incrementada.A intenção da prevenção é aprimorar a operacionalidade para que voando melhor, se voe mais.
"Segurança de vôo é responsabilidade de todos"
Não existe pessoa ou função dentro da atividade aérea que não seja importante para a segurança de vôo. Todas as pessoas, por mais simples que sejam suas atribuições, devem estar conscientes de que o seu desempenho é fundamental para a prevenção de acidentes. Um erro ou omissão de alguém poderá ser um dos elos da cadeia de eventos que leva a um acidente.
"Se é verdade que nada é perfeito, também é verdade que tudo pode ser melhorado"
Esta máxima indica que deve existir sempre a preocupação em aprimorar o que se realiza e, principalmente, acreditar que isto é possível, devendo sempre se buscar a perfeição.É comum escutar pessoas ligadas à atividade aérea dizerem: "Estamos tranqüilos; há muito tempo não temos um acidente". Isto, realmente, é um motivo de orgulho, porém deve-se ter em mente que é muito mais difícil manter do que atingir determinados objetivos.
domingo, 1 de fevereiro de 2009
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